quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Dia 04 (18/11/2013): Grand Canyon - AZ

Mais uma vez tomamos café no hotel e saímos cedo (aqui já conseguíamos a proeza de acordar por volta das 06:30). A distância entre Albuquerque e a Grand Canyon Village seria longa, 440 milhas (pouco mais de 700Km) e tínhamos que chegar cedo ao GC se quiséssemos ver o pôr do sol. O percurso é longo mas bonito, Gustavo e eu dividimos a direção e o tempo voou. Fizemos poucas paradas, só para abastecer e um almoço rápido num Olive Garden em Flagstaff.
 
Pela estrada afora...

Conseguimos entrar no Parque Nacional por volta das 15:30. A entrada custa USD 25,00 e vale por uma semana. Fizemos o check in no Maswik Lodge e passamos no quarto para deixar nossas coisas. O atendente foi muito simpático, recomendando o melhor ponto para ver o pôr do sol naquela época do ano. Ao chegar em nosso alojamento, quase morro ao me deparar com a seguinte cena na porta do meu quarto:


 
Era muita fofura junta! Os bichos quietinhos e tranquilos ali do lado, no melhor esquema "você não me incomoda, eu não te incomodo e ficamos bem assim". Há diversas placas pelo Parque avisando que não se deve tentar contato com os animais e foi o que fizemos. É uma questão não só de segurança mas também de entender que aqueles animais são selvagens e é importante para a manutenção do parque que continuem assim. 
Peguei um bom casaco, luvas e gorro, pois imaginei que a temperatura devia cair muito na beira do canyon. Fomos a pé até o ponto do ônibus que nos levaria ao Mohave Point. Lá tivemos nosso primeiro contato com o esplendor do lugar. Vale dizer que o sistema de transporte interno do GC é sensacional, dá pra visitar todos os vista points, hotéis e restaurantes utilizando os ônibus gratuitos do Parque. Basta olhar no mapinha que você recebe na entrada a melhor linha para você e pronto! 
Esperando o ônibus em grande estilo!
Chegamos ao Mohave Point e já eram 16:30. Havia um mirante bem bonitinho, mas vi uma trilha à esquerda e nenhuma placa dizendo que não podia ir ali... O Gustavo ficou meio preocupado de andar na beira do cânion, mas eu já tinha ido. Arrumamos um ponto totalmente deserto e vimos o sol se pondo como se o evento fosse particular! Espero que as fotos seguintes deem conta de demonstrar um pouquinho o que foi o espetáculo a que assistimos. 
 

 
Não tem como não se emocionar num lugar assim...
Findo o pôr do sol, pegamos o ônibus de volta para o Maswik Lodge. Visitamos a lojinha de souvenires e resolvemos comer uma pizza no Maswik Pizza Pub. Meio carinha, mas nada lá era particularmente barato. Uma pizza vegetariana delícia, umas cervejas e pronto, banho e cama! No dia seguinte seguiríamos até Vegas!

Impressões sobre a GC Village: Achei muito bacana a forma como o parque é administrado. Tudo é pensado de modo a minimizar o impacto das pessoas sobre a natureza, desde a reciclagem do lixo e os xampus ecológicos até a sinalização nas trilhas e os funcionários atenciosos e dispostos a sanar qualquer dúvida. E me pareceu que o público respeita isso, o que é muito legal. Há muito o que fazer no Parque, eu passaria fácil uns 5 dias conhecendo as trilhas e os vista points. E tudo isso com o conforto de um bom lugar pra dormir, chuveiro quente, etc. Acho que é um programa sensacional para qualquer idade!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Dia 03 (17/11/2013): Albuquerque - NM

Nesse dia eu tinha uma aula no National Institute of Flamenco*. Havia descoberto um workshop com o bailaor José Galván e claro que eu tinha que ir! Mas a aula era só às 11, então havia tempo para umas voltinhas antes!
Começamos visitando algumas locações que aparecem na série Breaking Bad, da qual o Gustavo é fã (na época da viagem eu ainda não tinha assistido, agora somos dois fãs aqui em casa). Fomos até a casa do Walter White, ao restaurante Los Pollos Hermanos... foi bem interessante. Ouvi falar que há tours guiados que levam a todas as locações da série, mas fizemos por conta própria mesmo, afinal o Gustavo conseguiu os endereços dos lugares com bastante facilidade na internet. 
 
Em frente ao restaurante Los Pollos Hermanos (Twisters na vida real) e passeando na casa de Walter White.

Na volta ainda passamos numa Ross Dress for Less (a primeira de várias que visitaríamos). Gustavo me deixou no local do workshop e eu fiquei incríveis duas horas fazendo aula com esse bailaor maravilhoso! Uma oportunidade única e bem aproveitada. 
Acabada a aula, eu estava roxa de fome. Almoçamos no Thai Vegan, restaurante que segundo o Trip Advisor é o melhor de Albuquerque. Eu, que já estava gostando da cidade, fiquei ainda mais apaixonada ao descobrir que o melhor restaurante local era vegan! Comida tailandesa de primeira e bons preços. Valeu muito a pena! 
Após o almoço, pegamos o carro e seguimos para o Sandía Peak, cadeia de montanhas na qual fica o teleférico mais extenso do mundo. Fica um pouco afastado da cidade e é um passeio muito legal! Na base da montanha há uma loja de souvenirs e lá em cima há um restaurante, um museu e alguns mirantes. O percurso é longo mesmo e o teleférico vai bem alto (admito ter ficado meio tensa). Lá em cima estava bem frio, fomos com roupas para neve! Isso não impediu que aproveitássemos bastante a vista e os mirantes. Gustavo viu uma trilha na qual havia bastante neve e foi lá passear. No geral foi um passeio bacana e que não ocupou tanto tempo, em 2 horas estávamos de volta à cidade.
 

Na volta do Sandía Peak deixamos o carro no hotel e fomos a pé para Old Town. Primeira parada: The Candy Lady, lojinha de doces que fez o "blue meth" que aparece em Breaking Bad. Na verdade são cristais de açúcar azulado! Compramos uns "papelotes" e mais alguns doces. Recomendo essa loja, as frutas em compota banhadas em chocolate são um desespero de gostosas! Ainda passeamos um pouco pela região, visitamos a igreja de San Felipe e sentamos na pracinha, vendo a vida passar. Uma delícia de lugar. Antes de voltar para o hotel ainda tomamos uma cerveja, mas resolvemos comer no quarto mesmo, ainda havia muita comida do Walmart! Antes de deitar fizemos as malas e deixamos tudo pronto para sair cedo no dia seguinte, a estrada até a Grand Canyon Village seria longa...
  
Pracinha de Old Town e a igreja de San Felipe.
Vendo a vida passaaaaar...
No geral, posso dizer que amei Albuquerque. Uma cidade muito tranquila, jovem (o campus da New Mexico Community College fica lá). Uma mistura bacana de bairros modernosos com respeito às tradições (o centro antigo é muito bem conservado). Gostaria de voltar e passar mais tempo, sem dúvida! De preferência em outubro, para pegar o festival de balonismo (The Albuquerque International Balloon fiesta). 

* Cerca de um mês após minha visita, o National Institute of Flamenco pegou fogo! Ninguém se feriu, mas todo o acervo se perdeu, o quarteirão inteiro se acabou. Um acontecimento muito triste, espero que em breve tudo se conserte e o Instituto volte a funcionar!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Dia 02 (16/11/2013): White Sands National Monument e Albuquerque - NM

Cinco horas da manhã e não dava mais pra ficar na cama. O maldito fuso horário nos deixou quase malucos! Aproveitei pra ver a manhã clareando da janela do quarto, uma vista maravilhosa. Terminamos de arrumar as malas, tomamos o café no hotel mesmo e aproveitamos para fotografar o lindo domo de cristal Tiffany que fica no bar do hotel. Um espetáculo.
 
El Paso ao amanhecer e o belo domo Tiffany do Hotel Camino Real

Mas, no final das contas, a diferença de fuso até foi positiva, porque conseguimos sair super cedo do hotel. Às oito e meia já estávamos na estrada rumo ao White Sands. O parque fica a cerca de 95 milhas de El Paso, bem pertinho. Ou seja, deu pra ir com calma, apreciando a aridez da paisagem da região. Paramos num Walmart Supercenter em Las Cruces para comprar coisas para um piquenique dentro do parque (e umas tranqueiras também, como parar num Walmart e não comprar tranqueira?!).
O White Sands é lindo. Na minha cabeça nerd parecia Tatooine. Areia, areia e mais areia branquinha e fina pra todos os lados. Custa apenas 1.00 dólar para entrar e ter acesso às dunas - onde é possível fazer sleding, a várias áreas de piquenique e aos diversos mirantes e trilhas existentes no parque. Um passeio diferente e divertidíssimo. Subimos nas dunas, exploramos as trilhas e aproveitamos para almoçar na área de piquenique Primrose, que até churrasqueira tinha!
 
Luke Skywalker em Tatooine e Gustavo no White Sands. Vai dizer que não é quase a mesma coisa?!

 
Passeando nas trilhas e uma vista geral da Primrose Picnic Area

Por volta das 14h, voltamos para a estrada. Para economizar tempo, acabamos pegando uma estrada secundária, a US-54, percurso bem chatinho, nenhuma parada ou posto de gasolina por muitas e muitas milhas. Faltando umas 90 milhas para Albuquerque voltamos para a I-25, abastecemos e conseguimos chegar ao nosso hotel por volta das 17h. Ficamos no Travelodge OldTown, um hotel super econômico e excelente! Próximo do centro antigo e na esquina de um Walgreens.
Tomamos um banho e saímos para jantar. O destino foi o K&I Diner, restaurante tex mex que aparece no programa Man vs Food. O restaurante é tipo um fast food, mas a comida é muito gostosa e bem servida. Gostamos muito. Um fechamento excelente para o nosso segundo dia de viagem!   


 
 Das vantagens de viajar de carro: muitas paisagens lindas, muitos pontos legais pra fotografar... e, no caso dos EUA, estradas excelentes e rádios de rock em todo canto!
    

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dia 01 (15/11/2013): El Paso - TX

Após todo o atraso do voo, finalmente conseguimos chegar em El Paso (depois farei um relato mais detalhado dos voos!). Aeroporto muito pequeno e bonitinho, com uma temática meio mexicana (como tudo em El Paso, eu viria a descobrir). Pegamos as bagagens rapidamente e fomos direto para o balcão da Hertz. A atendente foi bem simpática, até tentou oferecer mais um monte de seguros, mas acabou recomendando apenas um, que tinha assistência 24h para qualquer lugar do país. Achamos bom pegar, já que íamos viajar bastante de carro. Havíamos reservado o tal Nissan Maxima que o Gustavo tanto queria e, obviamente, o carro não estava disponível. A atendente perguntou se um Ford Taurus servia. O Gustavo até murchou com a pergunta. E eu, com toda a simpatia do mundo, expliquei que o meu marido estava sonhando com o tal Maxima, se tinha como olhar de novo se não tinha o carro, etc, etc. Bingo! Eis que surge um Maxima! Fomos para o estacionamento, apanhamos um pouco pra descobrir como funcionava o carro, colocamos o endereço do hotel no GPS e em 15 minutos estávamos no Hotel Camino Real, sobre o qual falarei em um post específico.
Se tem um erro grande de planejamento que cometi nessa viagem, foi considerar o primeiro dia um dia efetivo, com programação de passeios e tal. Parecíamos dois zumbis saídos diretamente de um episódio de The Walking Dead para as ruas de El Paso. Cinco horas de fuso horário mais cerca de 19 horas entre o embarque em Brasília e o desembarque no Texas foram um massacre. Mas tudo bem, a viagem estava começando e reunimos todas as nossas forças pra aproveitar ao máximo nosso único dia em El Paso.
Deixamos nossas coisas no hotel, tomamos um bom banho e pegamos o carro. O plano era conhecer as três missões espanholas de Socorro, Ysleta e San Elizario, sendo essa última a que mais me interessava. O que não estava nos planos era ter que encontrar uma Best Buy para comprar uma câmera, pois a nossa quebrou um dia antes da viagem. Ok, câmera comprada, Mission Trail. Sexta-feira, 17 horas. O caminho margeava a fronteira com o México e ficamos presos num engarrafamento monstruoso próximo à alfândega. Considerei uma experiência sociológica (afinal eu estava de bom humor). Aproveitamos pra fotografar a clássica placa da alfândega, que vemos nos filmes.


 
As fotos não ficaram sensacionais, mas é que tinha muita gente buzinando atrás...

Saímos do engarrafamento e tivemos que abrir mão de visitar todas as missões, não daria tempo antes de escurecer. Fomos apenas a Ysleta, a mais próxima do centro da cidade. Bem bonita e conservada, toda em adobe, no meio de um pueblo tipicamente mexicano, com suas casinhas cor de terra. Todas as rádios só pegavam música mexicana! Gostamos bastante do passeio. 



Voltando a El Paso, estávamos roxos de fome e resolvemos "almojantar". Rumamos para o L&J Café, restaurante histórico em frente ao Cemitério La Concordia. O cemitério foi um passeio por si só. Não é todo dia que você está nos outskirts de El Paso, jantando em frente a um cemitério na areia. Sim, na areia. Todo um clima Kill Bill. O L&J não é um restaurante chamativo, nem bonito, parece mais uma espelunca de beira de estrada. Gustavo inclusive perguntou "tem certeza que você quer comer ?!". Mas eu confiei no Tripadvisor e fiz bem: o restaurante é excelente! Um bar animado, atendimento atencioso, comida tex mex de primeira e bons preços! Super recomendo!   


 
Cemitério Judeu B'nai Zion e Cemiterio de la Concordia ficam lado a lado. 

Terminado o jantar, passamos num Walgreens, compramos algumas coisas essenciais e corremos para o hotel. Ás oito e meia da noite (horário local), eu estava dormindo a sono solto (até acho que aguentei bastante).

Impressões sobre El Paso - El Paso é uma cidade de contrastes. A enorme grade que separa os dois países é um lembrete permanente da tensão que se instala no local. Ciudad Juarez, logo ali, é feia, densa e cheia de construções humildes se estendendo sobre os morros. Com a alfândega funcionando incessantemente, dá mais a sensação de ser tudo a mesma cidade com um pedágio étnico-cultural no meio. Tem carro da Border Patrol pra todo lado e policiais ostensivamente armados aos montes. Ouvi mais espanhol do que inglês. Todas as referências culturais da cidade são hispânicas, o que faz ficar difícil acreditar que estamos nos EUA (e não, não adianta querer falar que Miami é assim também, porque é bem diferente). Tem museus bonitos (que eu não tive tempo de visitar), poucos arranha-céus e muitas obras de infraestrutura acontecendo. Tudo isso coroado pela linda vista das montanhas Franklin e por uma secura que faz Brasília parecer úmida no mês de agosto. Tenho vontade de ir novamente com mais calma e fazer os passeios que não tivemos tempo de fazer! 
Quando eu digo grade, é uma senhora grade...